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Precisamos aprender a cultivar o hábito do diálogo.
Primeiramente, ressalto que o diálogo é essencial para a boa construção de um indivíduo e, por isso, deve ser bem desenvolvido desde a primeira infância.
Quero trazer para você, então, alguns pontos essenciais para manter um bom diálogo com nossas crianças, colocando em prática nosso papel de pais e educadores.
Como manter um bom diálogo?
1. Contato visual
A conversa deve ser olho no olho. Isso se faz abaixando-se à altura da criança e olhando em seus olhos.
Dessa forma, a criança sente que está sendo vista e que importa.
2. Fazer perguntas
Essa é a arte de demonstrar interesse pelo que a criança tem a dizer.
Se seu filho lhe contar que de lanche na escola comeu uma fruta, peça qual foi a fruta e se ela estava saborosa.
3. Desafios do bem
A ludicidade importa na criação de crianças.
Como já falei aqui também, nós devemos nos adaptar ao mundo da criança levando a ludicidade para o seu universo infantil
Alguns desafios:
- quem penteia o cabelo mais rápido?
- quem guarda os brinquedos primeiro?
4. Ser autoritativo
Nós, como pais e profissionais da saúde e educação, precisamos ter uma postura que não é de permissividade excessiva e nem de autoritarismo, no qual nada pode.
A postura autoritativa une a gentileza com a firmeza, fazendo com que a criança saiba que pode confiar no adulto e que há, nele, um ponto seguro.
5. Utilizar frases construtivas
Quando utilizamos frases construtivas, construímos um bom comportamento.
A utilização de frases destrutivas impõe que a criança não tem escolha.
Por exemplo: “Você só faz coisas erradas”.
Essa é uma frase destrutiva que pode virar uma autoprofecia da criança – ela só fará coisas erradas pois é o que esperam dela.
Usamos então frases construtivas, que devem ser pontuais e que contenham orientações, tal como:
- “Quando você se comporta dessa maneira, prejudica seus colegas”.
Mas atenção: isso não é passar a mão na cabeça!
É orientar a criança a ter comportamentos mais saudáveis.
6. Oferecer escolhas
Você lembra que eu mencionei que emprestamos o nosso cérebro às crianças?
Emprestamos também para oferecer escolhas de comportamento: você pode fazer isso ou você pode fazer aquilo.
7. Especificar um pedido
É fundamental que sejamos objetivos e específicos quando dizemos às crianças aquilo que desejamos.
Utilizamos clareza e frases curtas, dizendo aquilo que esperamos da criança e o que ela deve fazer.
8. Dividir a tarefa
Quando a criança está realizando uma tarefa, é importante que ela seja dividida em pequenas ações – partes.
Ao dar tarefas longas, a criança pode se perder e esquecer o objetivo.
9. Deixar a criança fazer o que sabe
Devemos aprender a deixar que as crianças façam aquilo que já têm competência para fazer, ou seja, aquilo que elas já sabem.
Isso é fundamental para que elas tenham senso de autonomia – nós funcionamos bem no mundo com o senso de competência.
Quando a criança tem autonomia para guardar um brinquedo, você deve incentivá-la a guardar o brinquedo.
Não resolva tudo para a criança – deixe que ela vivencie a autonomia.
Esso é a verdadeira autoestima.
Crie momentos e espaços para que seu filho seja competente e aja com autonomia. Pare de fazer coisas por ele.
Deixe que ele faça o que precisa fazer enquanto você o orienta e divide as tarefas.
10. Demonstrar afeto
É importante a criança saber que ela é amada e gostada.
Demonstre e fale que ela é importante.
Dê abraços de 20 segundos, que liberam ocitocina, o hormônio do amor e da conexão.
O abraço de 20 segundos é um dos melhores presentes que podemos dar às nossas crianças, porque o toque é muito importante.
11. Elogios específicos.
Precisamos aprender a fazer elogios baseados nas especificidades daquilo que a criança fez.
Assim, o elogio não é raso, mas sim profundo e personalizado.
Digamos que a criança tenha feito um desenho.
Você pode dizer algo como: “Adorei o seu traçado” ou “Que linda a combinação de cores. Como você fez?”.
Esse tipo de elogio específico sedimenta as competências que as crianças têm.
Assim, ela sabe o que está fazendo de certo.
Uma pesquisa feita com um grupo de crianças comprovou que o elogio específico é fundamental.
As crianças foram divididas em dois grupos e receberam a mesma tarefa.
O primeiro grupo recebeu elogios do tipo “Como você é inteligente” e “Você é o máximo”.
O grupo 2 foi elogiado com frases do tipo “Como você é esforçado” e “Gostei do jeito que resolveu a questão”.
Num segundo momento, foi oferecido às crianças um novo teste, um teste opcional.
As crianças do grupo 1 não quiseram realizá-lo, enquanto as crianças do segundo grupo fizeram a tarefa e se saíram melhor do que antes.
Perceba: quando você diz à criança que ela é maravilhosa e perfeita, ela passa a crer que tudo que faz é maravilhoso e perfeito.
Eventualmente, a vida lhe prova que isso não é real.
A criança criada com esses elogios pode apresentar duas evoluções:
1) Se tornar cruel
A crueldade se expressa através de demonstrar, com bullying, que os outros não são maravilhosos como ela.
2) Se tornar depressiva
A depressão vem porque ela não sabe o que faz bem ou não sabe aquilo no que é boa.
Assim, a criança começa a ter pensamentos de “sou inútil, não sirvo para nada”, justamente porque foi criada aprendendo que era maravilhosa.
Você percebe a importância de sedimentar as competências?
Espero que você tenha gostado da postagem e compreendido quão fundamental é o diálogo com nossos pequenos.
Você pratica o diálogo de que forma com seus filhos ou alunos?
Me conte nos comentários quais as suas técnicas.
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Costumo conversar com os meus alunos sobre casos reais, casos de vida…eles param mesmo na escuta e até fazem várias perguntas, tenho percebido que nos aproxima mais e sentem-se motivados…